sábado, 4 de junho de 2011

A Dor

Vi esse texto no Facebook sobre Rugby e resolvi colocar, bem legal. Vale a pena ler, não é tão grande como parece, leitura rapida.
Valeu!!!

__________________A Dor__________________

As pessoas muitas vezes não entendem quando você tenta explicar. Muitos te olham com desprezo e até com um pouco de apreensão. Os jogadores de rugby estamos acostumados a jogar sentindo dor. Alguma dor. Qualquer dor. Às vezes vejo os jogadores de futebol, por exemplo, que - no geral e salvo honrosas exceções - não usam aditamentos para minguar suas dores e seguir jogando. Eles, assim que doi alguma coisa, ficam assistindo o jogo na arquibancada. E nós… nós somos os inventores de milhares de vendagens e ervas medicinais para entrar em campo mesmo se estivermos às portas de um infarto.

Os dedos atados com fita adesiva é, talvez, a mais comum das ajudas. Vendas, cremes, massagens, remédios, joelheiras, cotoveleiras, proteções de coxa ou pulso ou qualquer coisa que seja azul ou preta e que pressione o local para tê-lo contido é usado para não faltar a um jogo. Nem se fale dos capacetes para esconder pontos nas sobrancelhas ou na cabeça. O jogador de rugby suporta estoicamente as dores e entra em campo para entregar mais do que teme em cada jogo, sem importar a condição física. E estamos muito orgulhosos disso.

Eu tenho cinquenta pontos na cabeça, produto de lesões no rugby (que não puderam reparar o irreparável nem melhorar nada que tenho de nascença). E meus dedos estão tortos e doloridos... e contam centenas de batalhas. Um joelho se queixa (deve ser de implicante que ele é, nada mais) e as unhas dos pés são verdadeiros nhoques duros (devido às milhares de vezes que levei um pisão nos velhos mauls). Minhas costas são mantidas por um especialista, que sempre me pede que amarre cuidadosamente os cadarços (nada de me agachar bruscamente) e ele não percebe que é a barriga que me impede de ser veloz nesse quesito.

Mas sou feliz. O rugby tem me presenteado muitos amigos, casualmente esses que estão ai quando você acredita estar sozinho e que não há ninguém e você se vira e estão eles te apoiando, te ajudando ou te alentando. O rugby também tem me presenteado milhares de recordações vividas, centenas de tardes de sol e chuva, de calor e de frio. E quase todas de lindas lembranças. E algumas viagens com seus temperos. E mais amigos. E mais rugby.

Faz pouco tempo estive num jantar mensal com os velhos do clube. Uma forma de lembrar as mesmas coisas contadas sempre de diferentes maneiras e não me canso de escutar os ditados e a memória dos mais velhos. E então, o rugby me segue presenteando bons momentos. Antes dentro e agora fora do campo. Continuo acreditando firmemente que mesmo que tenha se regulamentado numa cidade inglesa, o rugby tem sobrados motivos para saber que se trata de um jogo criado faz mais de 2000 anos. Mesmo que tenham mudado algumas regras. Mesmo que tenham passado alguns anos.

Tradução de um texto de Marcelo Mariosa.


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